Ano Novo – Vida Nova? Espera-se que SIM...
Sempre que os fogos explodem no céu do passado,
parece que, instantaneamente, tudo se faz novo (de novo). O tempo realmente é
uma brilhante invenção para que não enlouqueçamos, para que possamos planejar e
tenhamos a oportunidade de alimentar a ilusão de viver...
Emagrecer, concluir aqueles estudos, achar um
amor, mudar de emprego, começar a adotar hábitos saudáveis, ler mais, ter mais
tempo (olha ele de novo aqui, implacável) para nós mesmos. Muitos são os planos,
muitas são as expectativas, tantas são as metas, mas muitas também são as vezes em que tudo só dura os próximos 365 dias, dias necessários para que possamos começar de
novo.
É bem verdade que existem os disciplinados, que,
a cada período ou meta atingida, apressam-se em traçar outros novos objetivos.
O importante é não deixar a oportunidade de sempre sentir esperança no novo
passar. Parece que esse é o verdadeiro espírito das viradas...
A seguir, algumas palavras de Mário Quintana
sobre a virada do ano:
“No ano
passado...
Já
repararam como é bom dizer ´o ano passado´? É como quem já tivesse atravessado
um rio, deixando tudo na outra margem... Tudo sim, tudo mesmo! Porque, embora
nesse ´tudo´ se incluam algumas ilusões, a alma está leve, livre, numa extraordinária
sensação de alívio, como só se poderiam sentir as almas desencarnadas. Mas no
ano passado, como eu ia dizendo, ou mais precisamente, no último dia do ano
passado deparei com um despacho da Associeted
Press em que, depois de anunciado como se comemoraria nos diversos países
da Europa a chegada do Ano Novo, informava-se o seguinte, que bem merece um
parágrafo à parte:
´Na Itália, quando soarem os sinos à meia-noite, todo mundo atirará pelas janelas as panelas velhas e os vasos rachados´.
´Na Itália, quando soarem os sinos à meia-noite, todo mundo atirará pelas janelas as panelas velhas e os vasos rachados´.
Ótimo!
O meu ímpeto, modesto mas sincero, foi atirar-me eu próprio pela janela, tendo
apenas no bolso, à guisa de explicação para as autoridades, um recorte do
referido despacho. Mas seria levar muito longe uma simples metáfora, aliás
praticamente irrealizável, porque resido num andar térreo. E, por outro lado,
metáforas a gente não faz para a Polícia, que só quer saber de coisas
concretas. Metáforas são para aproveitar em versos...
Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado.
Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado.
Morri?
Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para outro é um corriqueiro
fenômeno de morte e ressurreição - morte do ano velho e sua ressurreição como
ano novo, morte da nossa vida velha para uma vida nova.”
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