O Velho de Novo...
Dia desses, estava assistindo a um telejornal, no estilo “proteção de tela” (quando você deixa a TV ligada, naquele mesmo horário, sempre em determinado programa, por rotina e para ficar a par das histórias do mundo, sabe?), quando uma notícia me chamou a atenção: a apresentadora falava do regresso de uma profissão que havia caído em desuso – a rodomoça, que seria uma aeromoça de ônibus.
A nova antiga profissão se justificava por uma estratégia das empresas de transporte rodoviário de passageiros, numa intenção de trazer de volta os clientes que estariam preferindo experimentar novos ares, isso graças à grande oferta das empresas de aviação, ultimamente_ não obstante o seu serviço de excelência um pouco duvidosa, diga-se de passagem.
O fato é que foi fácil perceber que, por mais que estejamos vivendo o hoje, de alguma forma, o ontem sempre acaba batendo a nossa porta, seja com um novo corte de cabelo, uma nova roupa, ou um nome diferente, mas com a mesma essência. Talvez, no passado, os nossos pais, ou avós tenham se dado ao luxo de passear pelas estradas deste país sendo servidos por rodomoças, mas isso para muitos de nós, hoje, é apenas uma novidade. Na verdade, trata-se de o homem se reinventando e utilizando a sua criatividade para reformular suas antigas brilhantes idéias.
Numa sociedade de massa e extremamente consumista, parece importante fazer reflexões como essa sobre o ontem e o agora. Antes, tínhamos frutas e verduras frescas na feira livre, hoje, tudo aparece muito bem embalado com plásticos, em grandes lojas de departamento ou grandes supermercados (muitas vezes com um recheio de agrotóxico só para deixar o produto mais apresentável); antes, víamos crianças brincando na rua, de bola, ou de bicicleta, hoje elas ficam muito bem emolduradas em seus plays de “apertamentos”; antes, uma família feliz era algo que ia além de uma propaganda de plano de saúde, hoje, parece que estamos até reformulando o conceito de família; antes, as pessoas conversavam nas calçadas ao final da tarde; hoje, elas entram na net, num “site de relacionamento”, simplesmente para estarem na vitrine, mas garantindo uma distância segura de individualidade e egoísmo; antes, andar de avião era um luxo, hoje, pode ser um grande sacrifício – todos apertados em latas de sardinha com asas.
Diante disso tudo, talvez seja interessante voltarmos a ser atendidos por rodomoças e colocar os pés no chão para perceber que retroceder alguns passos pode significar avançar, e muito...